Por Suzana Barelli

A Bodegas Vega Sicilia comprou nesta última segunda-feira, dia 3 de setembro, quatro hectares de vinhedos. Onde? Não se sabe. O local ainda é mantido em segredo. Sabe-se apenas que não é em nenhuma das quatro regiões em que a vinícola já tem projetos, ou seja, Ribera del Duero, Toro e Rioja, na Espanha; e Tokaj, na Hungria. E só. A informação é de Antonio Menéndez, diretor geral da vinícola, em rápida passagem por São Paulo.

Referência em vinhos espanhóis, a Vega Sicilia sempre atrai curiosidade e interesse dos amantes de vinhos. Menéndez contou que a vinícola tem planos de expansão. Sabe que, se elaborar mais vinhos, terá clientes dispostos a comprar o vinho. “Atualmente produzimos, em média, 1,2 milhão de garrafas por ano, mas temos demanda para 5 milhões”, calcula ele. Nos últimos anos, o grupo vem mudando a sua política de venda. Se antes 70% era destinado para a Espanha e 30% ia para o mercado externo; agora, os espanhóis ficam apenas com 35% dos vinhos elaborados pelo grupo e querem mais. “Depois da crise de 2008, decidimos não ficar refém de um único mercado”, diz Menéndez. A vinícola atualmente exporta para 130 países – eram 90 até o ano passado.

A ideia de crescer não é nova. A vinícola, que nasceu em 1864, fundada por Eloy Lecanda y Chaves, na então pouco conhecida região de Ribera del Duero, e desde 1982 pertence à família de Pablo Alvares, já expandiu seus domínios para novas zonas espanholas e húngaras. A mais recente, em 2006, foi na Rioja, então em parceria com a francesa Benjamin de Rothschild, no projeto Macán.

Menéndez confirmou ainda que o plano de elaborar um branco espanhol foi adiado mais uma vez. A vinícola já pensou em um branco para fazer par com o Vega Sicilia, em Ribera del Duero, mas o projeto foi descontinuado. E, nas safras de 2014, 2015 e 2016 elaborou um branco em Rioja, no projeto Macán. Nos dois primeiros anos, o vinho foi elaborado como teste, para que os enólogos conhecessem o potencial. A safra de 2016, que definiria se o vinho seria lançado ou não, não atingiu a qualidade esperada pelos donos do projeto.

Por enquanto, o húngaro Mandolás segue como o único branco do grupo, elaborado com a variedade autóctone furmint. E, vale dizer, o branco vem ganhando qualidade com a chegada do consultor grego Kyriakos Kynigopoulos. Especializado em Borgonha, e dono da empresa Burgundia Oenologie, ele implementou pequenas e precisas mudanças do vinhedo e na vinícola, que refletem na qualidade final do branco húngaro.