01/08/2013 - 18:46
Por Suzana Barelli
Há quem defina a ilha italiana da Sicília como um continente, pela variedade de regiões vinícolas e de uvas autóctones em seu pequeno território. Tem os vinhos da costa, com influencias do oceano; os da zona central, mais altos e mais frescos e, agora, todas as atenções estão se voltando para o Etna. Ao redor do vulcão, com terrenos marcados por suas cinzas, brilha a variedade tinta nerello mascalese, principalmente nos vinhedos plantados na fase norte. É uma uva tinta que lembra um pouco a pinot noir, nos aromas de frutas frescas, como a cereja, mas que tem taninos bem mais marcados, no paladar.
O aprendizado, relativamente recente, de como conduzir o vinhedo e sua vinificação mais cuidadosa estão entre os fatores que levaram a este redescobrimento do Etna – há séculos a região elabora seu próprio vinho. Mas, antes, seus taninos rústicos tendiam a deixar a bebida mais amarga e consumida apenas pelos seus habitantes. “Ainda estamos aprendendo com a região”, afirma o agrônomo Giuseppe Tasca, herdeiro da Tasca D’Almerita, uma das vinícolas pioneiras no vinho siciliano moderno.
Em visita nesta semana ao Brasil, Giuseppe Tasca conta que entre os desafios para elaborar um bom nerello estão a poda correta das folhas das plantas e a definição do ponto certo da colheita. A Tasca tem 20, dos seus quase 500 hectares de vinhedos da Sicília, ao redor do Etna. São vinhas que dão origem ao Ghiaia Nera Tascante, que acabou de chegar ao nosso País. É um tinto perfumado, com bons aromas de frutas vermelhas, e taninos presentes, bem moldados e que convida a desvendar porque a uva faz tanto sucesso – custa US$ 57,50, a safra de 2010. Este novo tinto é o irmão caçula do Tascante, um belo nerello, que mescla elegância e potência, mas que custa US$ 139,50, a safra de 2008. Os dois vinhos são importados pela Mistral.
PS – A edição de julho da Revista Menu traz uma prova de 18 tintos da Sicília, entre eles dois elaborados com a nerello mascalese. Um deles, o Passopisciaro IGT 2008, ficou empatado em primeiro lugar, com 90 pontos, com o Saia IGT 2009, este elaborado com a Nero d’avola, a uva tinta mais conhecida da região.