por Paulo Machado

Poucas coisas me agradam tanto quanto fazer uma boa refeição em um restaurante. Para tal, é importante ter excelência no serviço, uma aplicação rigorosa de técnicas de cozinha e, o mais importante de todos os requisitos, a escolha dos melhores ingredientes, que reflitam bem a cultura local. Pode até parecer uma regra simples, natural, mas ainda sim é um ponto difícil em restaurantes pelo mundo, inclusive no Brasil.

Acompanho no meu país a tentativa insistente de bravos chefs de ensinar aos comensais que é muito mais gostoso pedir uma peça de pirarucu do que um filé de salmão. Que a língua de boi ou um sarapatel bem-feitinho substituem com harmonia um prato de filé-mignon.

Para a comida brasileira, a nossa certeira, cheia de sabor, com refogados e pratos regionais, falta a gente assumir o ingrediente local. Entender que para se fazer uma feijoada bem-feita é necessário um bom paio, as partes do porco e uma carne seca de qualidade. O queijo da Serra da Canastra é o mais gostoso quando se está nessa região em Minas Gerais. O queijo manteiga ou coalho de Caicó (RN) não perdem em nada para uma raclette suíça. São ingredientes tradicionais, de origem e artesanais.

E para que esses valores não se percam, é importante o reconhecimento de sua identidade. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em conjunto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), faz um estudo que, na prática, implementa o conceito da Indicação Geográfica (IG) para produtos artesanais brasileiros. É gol de placa para nossa cozinha. Hoje, são pouco mais de 50 ingredientes nossos com a possibilidade do selo de IG, que delimita a área geográfica de onde é produzido o ingrediente ou produto, mantém os padrões locais e não permite que o nome seja usado por outras pessoas além dos produtores da região.

Nossa meta, bem, é infinita. Para se fazer uma comparação, na União Europeia, são cerca de 4 mil ingredientes com Denominação de Origem Controlada (DOC). Mel do Pantanal, erva-mate do Paraná, queijos, embutidos, cachaças, cafés, são inúmeros ingredientes para nosso deleite, que nos inspiram! Deixo aqui a receita deliciosa da linguiça de Maracaju que fazemos durante minhas expedições ao Pantanal. É um dos poucos ingredientes do meu estado (Mato Grosso do Sul) que tem o selo IG. Chefs e restaurateurs de nosso país já estão de olho nos produtos de Indicação Geográfica. E você? Já pensou fazer uma refeição inteirinha com produtos artesanais brasileiros com selo de procedência?

ONDE COMER:
Restaurante Linguiça de Maracaju
rua Espírito Santo, 1.443 – Vila Gomes
(67) 3029-1443 – Campo Grande – MS
linguicademaracaju.com

Churrascaria Carreteiro
rua 11 de Julho, s/n – Centro
(67) 3454-1492 – Maracaju – MS

ONDE COMPRAR:
Casa de Carnes Paraíso
rua Antônio de Souza Marcondes, 2.951 – Centro
(67) 3454-1743 – Maracaju – MS

Conveniência Dona Nilda
rua Antônio de Souza Marcondes – Cambarai
(67) 9916-5742 – Maracaju – MS