Uma pesquisa realizada pela Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, traz dados assustadores: um em cada oito (13%) adultos, acima de 50 anos nos Estados Unidos, tem dependência da chamada junk food, ou seja, alimentos ultraprocessados como hambúrguers, salgadinhos, refrigerantes e guloseimas.

Segundo o relatório, dentre os idosos, 44% têm ao menos um sintoma do vício nesse tipo de comida, conhecida por ser desequilibrada nutricionalmente, com altos teores de gorduras, sódio e açúcar, além de conservantes, corantes e outros aditivos químicos.

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“A palavra vício pode parecer forte quando se trata de comida, mas a pesquisa mostrou que nossos cérebros respondem tão fortemente a alimentos altamente processados, especialmente aqueles com alto teor de açúcar, amidos simples e gordura, quanto ao tabaco, álcool e outras substâncias viciantes. ”, diz Ashley Gearhardt, uma das autoras da pesquisa, ao site da Universidade de Michigan que divulgou o estudo.

“Assim como fumar ou beber, precisamos identificar e alcançar aqueles que entraram em padrões de uso não saudáveis ​​e apoiá-los no desenvolvimento de uma relação mais saudável com a comida”, continua ela.

De acordo com a pesquisa, os sintomas mais comuns do vício em junk food incluem desejo intenso por determinados alimentos, incapacidade de reduzir a ingestão dessas comidas mesmo querendo fazê-lo e sinais de abstinência.

Nos Estados Unidos, a dependência de junk food supera a de outras substâncias legais, como tabaco (10%) e álcool (4%).

Danos também no Brasil

Não é de hoje que diversas pesquisas têm mostrado o impacto do consumo de alimentos ultraprocessados, como balas, embutidos, salgadinhos e refrigerantes, na saúde. Em novembro do ano passado, um estudo publicado pelo periódico American Journal of Preventive Medicine estimou que, em 2019, cerca de 57 mil brasileiros morreram prematuramente, com idade entre 30 e 69, devido ao consumo desse tipo de junk food.

O estudo foi conduzido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com a Fiocruz e a Universidad de Santiago de Chile. Os dados são alarmantes e viraram manchete nos principais veículos do Brasil, ganhando espaço também na mídia internacional.

Segundo a NBC News, Eduardo Nilson, um dos pesquisadores da USP responsáveis pela pesquisa, apontou as doenças cardíacas como uma das causas principais de morte associada aos ultraprocessados, que costumam ter excesso de gorduras, sal e açúcar, ingredientes que impactam no sistema cardiovascular.