Quem não está acostumado a tomar vinho, pode até não perceber de cara, mas uma bebida estragada logo se nota. Porém, muitos ainda ficam constrangidos, sem saber o que fazer, quando pedem um vinho no restaurante e ele está ruim. Segundo o site Food & Wine, a situação não é tão incomum e o cliente pode – e deve – pedir ao menos para trocar a garrafa.

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Ryan Fillhardt, diretor de vinhos e chef executivo do bistrô Tasting House em Los Gatos, Califórnia, Estados Unidos, explica que o vinho pode estar estragado, com gosto de rolha, por exemplo, e isso é um defeito claro, não se trata de gosto pessoal.

Mas, seja num restaurante, ou uma degustação com os amigos, é sempre útil saber a diferença entre o cheiro do vinho com defeito e um que você apenas não gosta muito.

TCA, o vilão

Assim como a acidez volátil, os danos causados pela luz e a oxidação, o vinho com sabor de rolha é um dos problemas que podem surgir no vinho. Lembra um aroma de papelão molhado, desagradável. Isso ocorre, segundo o Food & Wine, quando o vinho entra em contato com um composto químico chamado 2,4,6-tricloroanisol, ou TCA.

O TCA não é perigoso de consumir, é apenas desagradável. Os sabores e aromas delicados e naturais do vinho com esse defeito serão, na melhor das hipóteses, apagados. E, na pior das hipóteses, substituídos por odores como o de jornal molhado, papelão ou até… meias sujas.

Vários fatores determinam a facilidade (ou não) de identificar esse defeito no vinho. Vai depender do grau de contaminação, da sensibilidade do provador e de como o vinho foi feito.

Uma maneira de determinar se um vinho estragado é cheirar a parte úmida da própria rolha, diz Andre Tkachenko, co-proprietário da loja de vinhos Aged Cork em Yonkers, Nova York. “Se estiver normal, não terá nem cheiro nem sabor de nada que não seja vinho. O defeito está lá, de fato, quando dá para sentir gosto e cheiro de papelão úmido e mofado.”

Se, ao sentir o aroma do vinho, você não notar nenhum cheiro incomum, ou se a rolha não estiver disponível, gire a bebida dentro da taça, em pequena quantidade. A aeração exacerba os aromas característicos de mofo, bolor e papelão úmido, tornando a falha mais fácil de identificar.

Algumas pessoas acham mais fácil identificar esse tipo de defeito em rosés da Provença, na França, feitos em tanques de aço inoxidável, em comparação com grandes e vigorosos cabernet sauvignons da Califórnia, que passam por anos de envelhecimento em carvalho. De qualquer forma, a prática leva à perfeição. “Quanto mais as pessoas estiverem expostas ao cheiro e ao sabor do vinho defeituoso, mais fácil será identificá-lo”, diz Tkachenko.

O que fazer se comprar uma garrafa de vinho estragado

Se você abrir uma garrafa de vinho em casa e suspeitar que ela esteja estragada, devolva-a ao revendedor. A loja provavelmente pode trocá-lo por outra garrafa gratuitamente – desde que falte apenas um ou dois copos, é claro. “Algumas pessoas vão beber meia garrafa e dizer: ‘Ah, o vinho está ruim”, ironiza Tchachenko.

Da mesma forma, se pedir vinho em um bar ou restaurante e sentir que pode estar com esse defeito, peça a opinião do garçom ou sommelier. Faça uma pergunta educada do tipo: “Acho que este vinho pode estar estragado, você se importaria de cheirá-lo?”

“Basta ser direto”, diz Kuzinich. “Acontece. Entendemos, como profissionais do vinho, que pode haver falhas na bebida.”

Não há como consertar ou desfazer a contaminação do TCA, então a única solução para uma garrafa defeituosa é retirá-la de circulação. Felizmente, em muitos casos, um varejista, bar ou restaurante pode devolver vinhos estragados a seus distribuidores para reembolso.

Além disso, qualquer loja de vinhos, bar ou restaurante que se preze jamais deixaria um cliente na mão, ainda mais num caso desses. “Não faz bem a ninguém beber uma garrafa de vinho ruim”, finaliza Fillhardt.