No Brasil, azeite geralmente se refere ao óleo extraído de azeitonas e pode receber diferentes classificações, entre elas comum, virgem e extravirgem. E, justamente por ter várias classificações, o produto também é um dos mais falsificados, tanto no País quanto em outros lugares do mundo.

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Em entrevista à BBC Brasil, Rita Bassi, presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), explica que a adulteração mais simples acontece quando o sumo da azeitona é diluído em outros óleos mais baratos, como o de soja. O fato de eles serem muito parecidos e se misturarem bem ajuda a enganar o consumidor.

“Esses tipos de fraudes, porém, estão se tornando cada vez mais complexas e elaboradas”, afirmou. “Hoje, observamos misturas de azeite de oliva de várias classificações, como os virgens e os extravirgens, adulterações com o óleo do bagaço da oliva ou até o uso de azeite lampante puro em alguns produtos”, exemplifica.

Apesar de existirem alguns testes laboratoriais padronizados, o que determina se um azeite é extravirgem ou virgem, os tipos considerados mais “nobres”, é a avaliação sensorial de um grupo de especialistas.

“São indivíduos treinados durante anos para detectar problemas no gosto, no aroma e nos demais aspectos desse alimento”, explicou o farmacêutico e bioquímico José Fernando Rinaldi de Alvarenga, que faz pós-doutorado no Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo (Forc-USP), também em reportagem da BBC Brasil.

E, ao contrário do que ocorre nos países produtores, como Espanha, Portugal e Grécia, onde um sistema de avaliação está bem padronizado, o Brasil ainda dá os primeiros passos nessa área.

Para o consumidor, o truque passa batido. Ao misturar um azeite extravirgem com óleo de soja, por exemplo, o sabor do azeite prevalece, o que torna sua identificação mais difícil.

Além disso, os preços desse tipo de óleo comestível estão em alta no mundo inteiro, o que propicia uma boa margem de lucro para os falsificadores – afinal, a mistura de óleo barato com um pouco de azeite de qualidade custa bem menos para ser produzida.

Por fim, os azeites adulterados só são descobertos depois que chegam a supermercados e outros pontos de venda. É a deixa para que os criminosos vendam produtos falsos para outros comerciantes, recebam pelos itens vendidos e, depois, sumam sem deixar vestígios (ainda mais em um país do tamanho do Brasil).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fazem operações periódicas para detectar produtos falsos à venda, mas nem sempre dão conta de investigar todas as marcas.

Por isso, vale ficar atento às informações divulgadas por órgãos de defesa do consumidor como Idec e Proteste, que costumam fazer, pelo menos uma vez por ano, avaliações sensoriais e análises dos azeites à venda para detectar adulterações.

E, mesmo que você não seja um especialista no produto, nesta reportagem da Menu, você aprende como fazer testes simples, em casa, para identificar azeite falsificado em casa.

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(*) Da redação da Menu