29/10/2025 - 18:45
A história dos presentes tem origens incertas, mas carrega raízes antigas e remonta ao período de estabelecimento de sociedades ancestrais. Estudado por antropólogos de todo o mundo, o ato de presentear ganhou diferentes significados ao longo da história: se na antiguidade o sistema de trocas era essencial para a sobrevivência, atualmente, dar e receber presentes indica cuidado entre grupos ou indivíduos. E presentear com alimentos é olhar para o passado com carinho, mas construir novas memórias entre quem presenteia e quem recebe — segundo o chef confeiteiro e apresentador Lucas Corazza, em entrevista à Revista Menu.
Durante evento de inauguração do Natal da Casa Santa Luzia, em São Paulo, Corazza é categórico: “Os sabores são as memórias mais vivas que eu tenho”.
“Oferecer memórias para as pessoas, sabores dos quais você gosta, o carinho da lembrança de uma viagem ou de um lugar que você visitou… O presente é uma manifestação da nossa criatividade sobre o que a gente vê no outro, a preocupação que a gente tem com ele, o que a gente quer compartilhar com ele. Roupas rasgam e você joga fora. O sabor fica com você até o túmulo”, diz Lucas Corazza.
A escolha do presente
A primeira recomendação do chef é “vasculhar o cérebro” em busca de memórias que possam indicar a relação da pessoa presenteada com a comida. Saber se ela gosta ou não de cozinhar, por exemplo, é fundamental. “Eu acho muito legal a pessoa que dá um kit. Outro dia ganhei uma massa junto com aliche e queijo, para fazer macarrão à Puttanesca com aliche, e foi um presente legal”, sugere.
E completa: “Se eu não gostasse de cozinhar, gostaria de ganhar geleias, pistaches, biscoitos já assados. Então, se pergunte qual é a relação da pessoa com a comida e o que você quer que ela faça com aquilo. Ela pode tanto compartilhar um momento cozinhando em família quanto comendo petiscos com os amigos, por exemplo”.
No estudo “Ensaio sobre a dádiva”, publicado em 1925, o antropólogo Marcel Mauss reflete sobre como a troca de objetos ajuda a construir relações entre grupos de pessoas desde o início da civilização. 100 anos depois, Corazza corrobora a teoria: “Ofereça algo que você ache surpreendente, diferente, e não o comum. Busque nas suas memórias vá atrás de um presente para que vocês compartilhem uma memória juntos”.
Tendências em presentes gastronômicos
Para o chef, a grande aposta em presentes comestíveis para o Natal são os queijos artesanais brasileiros. “Tem muita coisa legal na prateleira dos mercados e dos hipermercados acontecendo. Ofereçam queijo”, brinca.
Além dos laticínios, Corazza diz torcer pela popularidade de ingredientes nacionais como presentes: cupuaçu, cacau, chocolate de origem brasileira. “Ingredientes brasileiros que já foram beneficiados com técnicas europeias e que podem chegar à mesa de todo mundo”, finaliza.
