O premiadíssimo restaurante Noma, do chef René Redzepi, localizado em Copenhague, na Dinamarca, anunciou, na segunda-feira (9), o seu fechamento, previsto para 2024. A notícia pegou o mundo da gastronomia de surpresa, afinal, a casa foi eleita várias vezes a melhor do mundo pelo prestigiado ranking The World’s 50 Best Restaurants. Diante do fato, fãs e chefs do planeta se questionaram sobre qual será o futuro do Noma após fechar as portas.

+Noma, um dos melhores restaurantes do mundo, encerrará atividades em 2024

O motivo do encerramento das atividades do restaurante, segundo Redzepi, foi financeiro. O chef afirmou, segundo a Food & Wine, que não consegue mais produzir uma culinária espetacular e, ao mesmo tempo, pagar a seus quase 100 funcionários um salário justo, e ainda servir os clientes a um preço que eles consideram razoável de pagar.

“Temos que repensar completamente a indústria [gastronômica]”, disse Redzepi ao The New York Times. “Isso é simplesmente muito difícil e temos que trabalhar de uma maneira diferente.”

“É insustentável”, afirmou o chef. “Financeira e emocionalmente, como empregador e como ser humano, simplesmente não funciona.”

Em uma postagem sobre o que Redzepi chamou de “Noma 3.0”, o cozinheiro e sua equipe compartilharam que esse novo projeto, que será iniciado após o fechamento do restaurante, pode não ser o fim do estabelecimento. A proposta, segundo eles, é permanecerem abertos a novas ideias, o que inclui restaurantes em estilo pop-up (temporários) globais.

“Nesta próxima fase, vamos continuar a viajar e a procurar novas formas de partilhar o nosso trabalho. Existe algum lugar que devemos ir no mundo para aprender? Em seguida, faremos um pop-up do Noma. E quando reunirmos novas ideias e sabores suficientes, faremos uma temporada em Copenhague”, escreveu a equipe.

“Servir os hóspedes ainda fará parte de quem somos, mas ser um restaurante não nos definirá mais. Em vez disso, muito do nosso tempo será gasto na exploração de novos projetos e no desenvolvimento de muito mais ideias e produtos.”

O objetivo, acrescentou a equipe, é criar uma “organização duradoura dedicada ao trabalho inovador em alimentos, mas também redefinir a base para uma equipe de restaurante, um lugar onde você pode aprender, correr riscos e crescer”. Eles acrescentaram: “Esperamos que você se junte a nós nesta nova jornada”.

Estilo Noma de ser

Redzepi sempre procurou celebrar a abundância e diversidade do terroir nórdico em suas refeições que se assemelhavam mais a uma experiência gastronômica.

A comida e a conexão das pessoas com ela tem sido sua estrela guia desde os 15 anos, quando Redzepi deixou a escola para estudar as artes culinárias. Ao longo do caminho, o chef passou por alguns dos melhores restaurantes do mundo, como o El Bulli de Ferran Adrià, na Espanha, e o French Laundry, de Thomas Keller, na Califórnia. Mais tarde, foi convidado a abrir o Noma em um armazém reformado pelo chef e empresário dinamarquês Claus Meyer.

A busca por ingredientes pouco conhecidos e a aquisição de caça e peixes selvagens têm sido a base do sucesso de Noma, como apontou reportagem da Vogue, citada pelo site Tasting Table. Comensais de todo o mundo se aventuraram a Copenhague para saborear pratos criativos, como shawarma de aipo-rábano, perna de pato servida com cérebro e coração de pato e pão sírio doce de caranguejo.

Mesmo com o fechamento do restaurante como conhecemos hoje, o Noma deve seguir com a busca por novos sabores, experiências e ingredientes. Viajar a outros países está dentro do escopo do Noma 3.0, com a ideia de divulgar o estilo gastronômico da casa de Redzepi com outros países do mundo.