por ANSA 

O restaurante La Puerta Falsa é um dos mais antigos da Colômbia. Um de seus mais famosos clientes foi o revolucionário latino-americano Simón Bolívar e sua esposa, Manuella Sáenz, que costumavam comprar doces cuja receita segue intacta há 200 anos no local.

Conhecido como marquesas, o tradicional doce é feito a partir de uma massa de pão com graviola e conta com um toque de amora.

Localizado próximo ao Museu 20 de Julho, onde foi proclamada a independência do país, o restaurante permanece aberto há 200 anos e tem acompanhado a história da nação e seus protagonistas.

O estabelecimento foi fundado em 16 de julho de 1816, durante uma festa religiosa, por uma família de Bogotá que percebeu que os fiéis da Catedral principal de Bogotá, nas redondezas, não tinham onde comer após as festividades.

Desta forma, a família desocupou um cômodo da residência e, mesmo ainda sem um nome, abriu o restaurante, de frente para a porta de trás da catedral. “Quando deram fim a porta de trás, o negócio já tinha o próprio nome”, disse à ANSA a co-proprietária e membro da sétima geração da família fundadora do restaurante, Aura Teresa Sabogal.

Administrado por mulheres, o restaurante manteve as receitas tradicionais intactas. Para entrar no pequeno local é preciso atravessar uma porta verde e estreita de madeira, que dá para uma espécie de mezanino, onde ficam a maioria das cadeiras.

A falta de espaço não preocupa os clientes, muitos deles estrangeiros, que se reúnem na porta de entrada à espera de uma mesa para comer os famosos tamales santafereños, uma mistura feita de farinha com diferentes tipos de carnes e milho, enrolada em folhas de bananeira, acompanhada por uma xícara de chocolate quente.

Outros pratos típicos do local são o molho de pimenta e uma sopa feita com três tipos de batatas e frango.

Segundo a dona, a chave para manter um restaurante há mais de dois séculos nas mãos da mesma família é resultado dos seguintes fatores: “disciplina, ordem, honestidade e o cuidado com o cliente”, além de “manter o mesmo sabor” da comida.

Pelo Puerta Falsa já passaram alguns presidentes do país para tomar chocolate quente, como Jorge Eliécer Gaitán, além do famoso escritor Gabriel García Márquez.

Mas, sem dúvida, o principal frequentador do local em sua longa história foi Simón Bolívar que “sabemos que vinha com Manuella para degustar as marquesas, que é o doce mais antigo que temos”, explicou Sabogal, revelando uma das muitas histórias do restaurante.

“Este é um negócio simples e pequeno, que baseia seu sucesso e sua existência em uma espécie de nostalgia combinada com a permanência de uma tradição que fornece pão, lanches e copo de chocolate, e a mesma placa de 200 anos atrás”, concluiu a proprietária.

“Estamos cientes de que neste local temos um tesouro que não se pode abandonar da noite para o dia”, disse Sabogal, que muitas vezes leva ao restaurante os netos, a nona geração, para ficarem mais perto dos negócios da família. (ANSA)