04/05/2022 - 19:12
Do lado de fora, o Le Reflet é mais um entre muitos restaurantes badalados do bairro de Le Marais, em Paris, capital da França. Por dentro, no entanto, o estabelecimento conta com uma equipe extraordinária: a maioria dos funcionários da casa tem síndrome de Down.
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A ideia de abrir um restaurante para incluir pessoas com síndrome de Down partiu da empresária Flore Lelièvre, cujo irmão mais velho também é portador da condição genética. Ela inaugurou a primeira unidade do Le Reflet em 2016, na cidade de Nantes.
Para facilitar a vida dos trabalhadores do salão, Lelièvre bolou um sistema simplificado para anotar os pedidos: os clientes recebem uma comanda e marcam quais pratos querem comer. A solução foi adotada pois alguns dos garçons não sabem escrever ou se esquecem de anotar todas as opções.
“A ideia é dar a eles a oportunidade de ter um trabalho normal, em um ambiente normal. Eles trabalham com bastante autonomia e podem ser independentes em qualquer lugar”, afirmou Olivier.
Já aqueles que trabalham na cozinha são supervisionados pela chef Sarah Kaladjian. “Distribuo as tarefas de acordo com as habilidades de cada cozinheiro”, explicou. Preparos mais complicados ficam a cargo da chef.
Mas isso não quer dizer que eles façam apenas coisas simples, como descascar batatas ou cortar ingredientes. “Dois de nossos cozinheiros aprenderam muito e, agora, são muito eficientes. Eles preparam pratos quentes sem precisar de qualquer ajuda”, afirmou Sarah.
Por causa de seu engajamento social, o Le Reflet tem chamado a atenção de figuras importantes. Como muitos outros, o restaurante ficou fechado durante boa parte da pandemia de covid-19 e reabriu as portas apenas em meados do ano passado. Desde então, porém, o endereço foi visitado pelo ex-presidente francês François Hollande e por ministros da União Europeia.
A experiência também está dando outros fruto. Flore Lelièvre, fundadora do Le Reflet, criou uma associação chamada Les Brigades Extraordinaires, que tem o objetivo de ajudar outros restaurantes a contratar pessoas com síndrome de Down.
“Compartilhamos dicas, dificuldades do dia a dia e o que fazemos para superar esses problemas. O mais importante é mostrar que é possível incluir esse grupo”, afirmou Olivier, gerente do salão do restaurante. E, ao que tudo indica, há bastante gente interessada. “Hoje recebemos ligações de restaurantes de todo o mundo”, afirmou.
(*) Da redação da Menu