Desde 1958, o Rodeio (@rodeiorestaurante), situado na Rua Haddock Lobo, e o bairro dos Jardins, em São Paulo, foram se transformando e sendo transformados pelo entorno e por figuras emblemáticas que deram vida aos estabelecimentos da região, em um quadrilátero que nunca se imaginou ser tão consagrado e prestigiado por décadas.

Se o Rodeio tivesse carteirinha de clube ou de time de futebol contaria com nomes como Thomaz Souto Correa, Luciano Huck, Olavo Setúbal, Rodrigo Faro, Abílio Diniz, Washington Olivetto, Fausto Silva e seu filho João Guilherme, entre outros.

Clientes que já carimbaram suas preferências no menu, cujo pedido muitas vezes não precisa nem ser verbalizado: maître e garçons sabem o que cada um mais gosta, do couvert ao ponto da carne. 

Conheça um pouco mais 

O fôlego dos 65 anos do restaurante, que conta com uma experiência vivida por poucos e uma visão holística para constante aprimoramento, veio por conta da preocupação com todas as etapas do processo: infraestrutura, manutenção preventiva, qualificação dos fornecedores, inspeção de recebimento e cuidados com o armazenamento da matéria-prima. 

Mas o coração da empresa são mesmo os recursos humanos. São os colaboradores que acolhem o cliente quando ele chega. Boa parte dos funcionários tem de 20 a 35 anos de casa e aquele que chega ao restaurante sem nenhuma experiência tem a oportunidade de crescer em qualquer área da casa, seja ela operacional, na cozinha ou no salão.

Como o atendimento é diferenciado, já que boa parte dos pratos é finalizada à mesa, os profissionais recebem treinamentos e capacitação. O garçom, além do atendimento, deve dominar algumas técnicas culinárias para finalizar o prato na frente do cliente.

Silvia Macedo Levorin, superintendente do Rodeio, atribui o sucesso do negócio a diversos fatores: à gestão prudente de seu pai Roberto Macedo; ao elevado padrão dos pratos; ao atendimento dispensado aos clientes, à padronização de processos internos e ao plano de carreira para os cerca de 180 funcionários. 

O convite para abrir uma nova casa já havia acontecido outras vezes, mas foi em 2007 o aceite para se instalar no Shopping Iguatemi, que conta com projeto assinado pelo renomado arquiteto Isay Weinfeld. Nas duas unidades são atendidos em média 15 mil clientes por mês.

Silvia, à frente do Rodeio desde 1986, explica a longevidade da casa em uma frase “olhar e respeitar a tradição estando sempre atento e preocupado em inovar. Ou, em outras palavras, o clássico que se renova”. 

O começo da história 

Apesar de fundado em 1958, é desde 1959 que o Rodeio, que nasceu como churrascaria, tem a participação da família Macedo. Naquele ano, os sócios-fundadores ofereceram 50% do negócio a Nestor de Macedo, que atuava no mercado publicitário, era bem relacionado e freguês constante do local. Ele aceitou e seu filho Roberto ficou encarregado de participar da gestão.

Foi Roberto o responsável por implantar mudanças que deram fôlego ao restaurante e um ano depois, em 1960, a família Macedo se tornou a única dona do empreendimento. Foi com Roberto à frente que o Rodeio se tornou um respeitado marco da gastronomia, de onde saíram pratos que ficaram famosos e foram adotados por diversos outros restaurantes, como a picanha fatiada, o arroz Biro-Biro e o Creme de Papaia com Cassis.

Silvia conta que, à medida que o Rodeio ia fazendo sucesso, seu pai ampliava a casa na Haddock Lobo e o imóvel passou de uma área de 250 m² para 1.250 m² ao longo dos anos e mantidos atualmente. 

Ícones do cardápio ou um cardápio de ícones 

A picanha fatiada, que hoje é preparada nas grandes grelhas do salão, foi inspirada nas parrillas argentinas, com as carnes assadas primeiramente na churrasqueira e a seguir finalizadas em fogareiros à mesa e à vista do cliente. Na década de 70, seguindo a sugestão do legendário maître Ramón Mosquera Lopez, a grelha era trazida à mesa. 

O que mudou de lá pra cá foi o formato: nem na cozinha, nem à mesa – é possível avistar as grelhas na lateral esquerda do salão nos Jardins e logo na entrada da filial no Shopping Iguatemi. A picanha fatiada é o prato consagrado da casa e até hoje o carro-chefe, representando 60% das vendas.  

O corte, apesar de icônico, não é o único prato que reflete a história da casa que traz algumas das marcas registradas e patrimônios culinários de São Paulo. O arroz biro-biro, com ovo, cebola e batata-palha, é um ícone até os dias atuais, sendo replicado nos mais diversos estabelecimentos.

Picanha fatiada do Rodeio/Créditos: Helena Mazza
Picanha fatiada do Rodeio/Créditos: Helena Mazza

Foi criado por Gloria Kalil, pelo publicitário Washington Olivetto, pelos jornalistas Tarso de Castro e Thomaz Souto Corrêa, e pelo jogador Sócrates, em um jantar ocorrido naquela época. O nome foi uma homenagem ao Biro-Biro, jogador do Corinthians, que atuou nos anos 1980. O tradicional pão de queijo do couvert também é emblemático no restaurante e leva a mesma receita desde o início. 

Os clientes vegetarianos também contam com uma boa variedade tanto no couvert como nos pratos principais. Risotos, o tradicional palmito assado e as saladas fazem sucesso entre os clientes que não comem carne.

À noite a estrela é o Menu do Chagas, que traz pratos criados pelo maître Francisco Chagas Filho, o Chaguinhas. São quase 50 anos de casa e incontáveis amigos, e foi com o seu olhar sobre preferências dos clientes e alguns pitacos na cozinha que surgiu o cardápioque leva o seu nome, servido somente no jantar.

Para celebrar os 65 anos, o Rodeio está doando 100% da renda líquida da venda de três sobremesas (petit gateau, panqueca caramelada e crepe suzete) até março de 2024 para a ONG Médico Sem fronteiras e quem se tornar um doador mensal da instituição recebe um voucher com 50% de desconto para duas pessoas no jantar.

A doação pode ser confirmada através de QRCodes disponíveis nas mesas das duas casas. Médicos Sem Fronteiras (MSF) é uma organização humanitária internacional que leva cuidados de saúde a pessoas afetadas por graves crises humanitárias.