A vista privilegiada da Quinta Vale Dona Maria, no Douro

Por Suzana Barelli

Francisca Van Zeller, a filha mais velha de Joana e Cristiano Van Zeller, os donos da Quinta Vale D.Maria, está entrando de cabeça na vinícola da família. Formada em história, ela está fazendo especialização em enologia no Porto, e anda prestando bastante atenção nos vinhedos do Douro. Em recente passagem por São Paulo, apresentando seus vinhos em evento da importadora World Wine, ela contou que a família estuda replantar um vinhedo com todas as cepas misturadas, seguindo à tradição de seus antepassados. “É voltar aos antigos. As castas são a riqueza do Douro”, defende ela. É um vinhedo pequeno, de cerca de um hectare, mas que deve indicar uma tendência.

Nos planos da família está também replantar a área com mais vinhas por hectare, adensando mais a área para obter uvas com maior complexidade. Atualmente, o principal vinho da casa, o Quinta Vale D. Maria, é elaborado com 41 castas diferentes. O Vinha da Francisca, que foi plantado em sua homenagem, conta com cinco uvas tintas e o CV – Curriculum Vitae, tem 20 castas, em sua versão tinta, e de quarto castas, viosinho, rabigato, códega e gouveio, no vinho branco, que chegará ao Brasil pela primeira vez em 2015. Outro ponto da tradição é a pisa a pé. A quinta conta com lagares nos quais as uvas são pisadas mecanicamente. Mas, à noite, a máquina vem sendo substituída por homens, como era feito antigamente. Esta chamada “volta ao passado” não deve parar por aí.