10/11/2025 - 7:45
Responsável pela cozinha da COP30, que começa nesta segunda-feira, 10, em Belém, o paraense Saulo Jennings, de 47 anos, é hoje um dos principais embaixadores da cozinha brasileira e tapajônica.
Criador do conceito de “cozinha tapajônica”, Jennings busca destacar as múltiplas “Amazônias” dentro do território, com ingredientes que contam histórias locais — como o aviú, minúsculo camarão de água doce; o piracuí, farinha de peixe tradicional; e o feijão-manteiguinha, cultivado nas margens do Tapajós. A combinação de produtos regionais e técnicas contemporâneas consolidou seu estilo autoral e o colocou no centro da cena gastronômica nacional.
À frente de um império que reúne restaurantes, cafés, hotéis e até um barco-hotel, ele transformou ingredientes típicos do Norte em símbolos de identidade e sustentabilidade, levando os sabores da floresta a públicos do Brasil e do mundo.
Nascido em Santarém (PA), o chef começou de forma improvisada: há 16 anos, montou o primeiro restaurante na própria casa, com poucos equipamentos e um gerador que não suportava freezer e liquidificador ao mesmo tempo. A Casa do Saulo, que nasceu pequena, tornou-se um destino turístico e referência em culinária amazônica, com filiais em Belém, São Paulo e Rio de Janeiro.
Além do sucesso empresarial, Jennings ganhou destaque pelo trabalho com comunidades ribeirinhas, promovendo práticas sustentáveis como o manejo do pirarucu, que alia preservação ambiental e geração de renda. Em 2023, foi nomeado embaixador do turismo gastronômico da ONU, e Santarém sediará o fórum mundial da entidade em 2026.
Acostumado a cozinhar para políticos e celebridades, Saulo Jennings já assinou jantares para o presidente Lula, o líder chinês Xi Jinping e a cantora Mariah Carey. Também participou de eventos internacionais, como a COP28, em Dubai, e foi um dos cozinheiros do projeto “Brasil e Sabores”, do Itamaraty, no qual realizou treinamentos de culinária brasileira em embaixadas do país ao redor do mundo. Amigo próximo da cantora Gaby Amarantos, o chef atua ao lado da artista na divulgação da cultura paraense.
Episódio com príncipe William
Saulo Jennings ganhou ainda mais visibilidade internacional recentemente ao recusar o convite para cozinhar para o príncipe William, que solicitou um cardápio totalmente vegano durante sua visita ao Brasil.
“O pedido que chegou para mim foi para fazer um cardápio 100% vegano, e eu expliquei que não me sentia confortável em assinar um menu assim, porque meu trabalho é justamente mostrar que a Amazônia é sustentável — e isso inclui os peixes”, afirmou o chef em entrevista à AFP.
Sabores amazônicos na COP30
Além da situação com o príncipe William, na mesma entrevista à AFP, o chef também revelou quais sabores levará à COP30: “A base de tudo, para mim, é a mandioca. Dela vem o tucupi, a farinha, a goma, a maniçoba. É um símbolo da nossa identidade.”
“Também amo trabalhar com castanha-do-pará, jambu, mel de meliponas, feijão-manteiguinha de Santarém, jerimum, banana, tucupi preto e queijo do Marajó. Na COP, eu quero que o mundo prove esses sabores e entenda que a floresta também fala pela comida”, completou Jennings.
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