Mensurar as mudanças causadas pelo aquecimento global nem sempre é uma tarefa simples – às vezes os efeitos são tão localizados que não é possível relacionar imediatamente o problema às mudanças climáticas.

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Foi o que aconteceu por causa da forte onda de calor que atingiu o Hemisfério Norte neste verão. Na região central da França, as temperaturas elevadas danificaram um tipo específico de pastos bem verdes.

Esses pastos, no entanto, são usados para alimentar vacas, que, por sua vez, fornecem o leite necessário para elaborar um dos queijos mais antigos da França, o Salers, com mais de mil anos de história.

Resumindo: sem pasto, sem leite, sem Salers – tirando os anos de guerras na Europa, é a primeira vez que o queijo tem sua produção interrompida por motivos naturais.

“Não há nada para comer. O solo está tão seco e duro que em alguns lugares parece que existe cinzas. É poeira”, afirmou Laurent Roux, um dos 76 produtores de queijo Salers, informa reportagem do site Food & Wine. “Sempre tivemos alguns períodos de seca, mas este ano foi muito grave”, acrescentou.

Em tese, seria até possível fazer o queijo com outros leites, mas, por ser um produto com denominação de origem, os leites precisam ser produzidos por animais que se alimentaram com pelo menos 75% de pasto verde de Salers.

“A qualidade não seria a mesma, seria um produto inferior”, explicou Lauren Lours, também produtora de queijos Salers ao site francês France Bleu. A expectativa é de que a situação normalize apenas em setembro, mas ainda assim haverá queda de 15% no volume de produção.

(*) Da redação da Menu