A tannat é a uva célebre do Uruguai

por Suzana Barelli

Uruguai 1 x 0 Itália. O resultado do jogo desta terça-feira chama a atenção para o nosso país vizinho (e começa a querer acordar o fantasma de 1950). Nos vinhos, pode-se dizer que o tinto tannat vai conquistar muitas taças nos brindes comemorativos dos torcedores – afinal, não é todo o dia que se manda uma Itália (e sua vasta riqueza vinífera) para casa.

Uruguai é a terra do tannat, uma uva de origem francesa, que faz sucesso na região de Madiran. Seu nome traz claras referências a seus taninos, presentes e longevos. A uva chegou ao Uruguai no século 19, trazida pelos colonizadores bascos e lá se adaptou muito bem. Há bons tannats no país, desde a região da Rivera, na fronteira com o Brasil, até os arredores da capital Montevidéu. Ou seja: o país todo mostra que esta é a uva de sua vocação. E o Instituto Nacional de Viticultura do país (Inavi) trabalha para colocar a cepa como sua variedade emblemática, assim como faz a Argentina, com seu malbec, e o Chile, com o seu carmenére.

Conheça alguns dos vinhos uruguaios para quem quer comemorar a eliminação de mais uma seleção europeia nesta Copa do Mundo.

1 – Amat

É o tinto premium da bodega Carrau, elaborado com uvas cultivadas bem na fronteira do Brasil. É feito apenas com a uva emblemática do país e já foi eleito o melhor tannat do mundo. A safra de 2008 custa R$ 169, na Zahil (www.zahil.com.br)

2 – Bouza

Aqui não cito um vinho, mas toda a vinícola. A Bouza é um projeto familiar, pequeno, nos arredores de Montevidéu. Gosto muito de um branco, elaborado com a uva alvarinho, de notas cítricas e minerais. O destaque da vinícola são os seus vinhos de parcelas únicas. O Bouza Tannat A6 2009 está em promoção no site da Decanter (www.decanter.com.br), por R$ 192,44

3 – Familia Deicas – Juanicó

O Estabelecimento Juanicó é uma referência histórica no país e atualmente é uma propriedade da família Deicas. Em seu portfolio, o destaque é o Preludio tinto, um vinho que nasce de cinco variedades (tannat, cabernet sauvignon e franc, merlot e petit verdot). A cada safra são elaborados 600 barricas do vinho, mas menos de 200 são selecionadas para o vinho final. Seus enólogos acompanham a evolução do vinho nas barricas e escolhem apenas as melhores. A safra 2007 é vendida por R$ 217,90, na Interfood (www.todovino.com.br).

4 – Bodegas Garzón

É um projeto relativamente recente nos vinhos e nos azeites, no vilarejo de Pueblo Garzón, perto de Punta del Este. Alberto Antonini é o enólogo consultor desta vinícola. E, entre seus brancos e tintos, tem um Albariño com bom frescor, vendido por R$ 55, na World Wine (www.worldwine.com.br).

5 – Marichal

Aprecio a ousadia dos vinhos da Marichal. Eles elaboram um pinot noir bem honesto, em plena terra dos tannats. E não se contentam apenas com o pinot noir como um vinho tinto. A vinícola tem um pinot noir branco: a uva é fermentada sem ter contato com as cascas e é mesclada com chardonnay. Custa R$ 75, na Ravin

6 – Pisano

A família Pisano está entre os mais simpáticos produtores de vinho. Mas como não é só a simpatia que conquista na taça, eles fazem também brancos e tintos bem interessantes. O seu tinto premium é o Arretxea (a safra 2006 está por US$ 64,90, na Mistral), de bela complexidade, encorpado, é um corte de cabernet sauvignon, merlot e tannat.

Vale destacar que, além da tannat, há outras boas cepas que brilham no país. Nas brancas, o maior destaque é a sauvignon blanc, mas a alvarinho vem chamando a atenção (se bem que o produtor Reinaldo de Lucca faz um sémillon bem interessante). E que os produtores citados acima não são os únicos que elaboram bons vinhos no país. A qualidade da produção vinífera de nossos vizinhos vem melhorando safra a safra.