12/05/2014 - 18:43
Por Suzana Barelli
Era com um misto de orgulho e curiosidade que o enólogo brasileiro Luis Henrique Zanini, da Vallontano, apresentava seu novo vinho, o Oriundi, em seu stand no Encontro Mistral, na semana passada. Orgulhoso ele estava porque o projeto começado em 2007 com a vinícola italiana Masi, uma das grandes produtoras de amarone, tinha dado certo. E curioso por querer saber o que as pessoas achavam deste novo tinto, elaborado na serra gaúcha com as técnicas de apassimento das uvas, as mesmas que dão origem aos grandes amarones. Pela técnica, as uvas, depois de colhidas, são secas em caixas abertas.
A história começa em 2006, quando Sandro Boscaini, dono da Masi, decide procurar vinícolas ao redor do mundo, que tenham, em seu passado, uma ligação com o Vêneto. No final do século 19, início do 20, muitos italianos do Vêneto deixaram a região à procura de oportunidades de trabalho. Não raro, estes imigrantes levavam consigo mudas de suas uvas. A região da serra gaúcha foi uma das paradas destes italianos. É isso que explica porque muitos produtores gaúchos de vinho são originários de pequenas cidades do norte da Itália. Em 2006, Boscaini conheceu alguns destes produtores, sempre com o pré-requisito de ter origem no Vêneto, e decidiu apostar em Zanini.
A ideia do italiano era elaborar um tinto que expressasse o terroir brasileiro a partir desta técnica de secagem das uvas, típicas do Vêneto. A equipe da Masi visitou Zanini diversas vezes e juntos eles apostaram em várias uvas, da italiana teroldego (que deu certo) a espanhola tempranillo (que não resultou em um bom vinho passificado). Nesta aventura, as uvas chegaram a ser pacificadas na garagem da própria casa de Zanini.
O vinho final, batizado de Oriundi, é um blend de tannat, teroldego, ancelota e outas mais, que o brasileiro ainda não revela. Está a espera da apresentação oficial do vinho, previsto para o mês que vem, com a presença dos representantes da Masi no Brasil.