31/01/2023 - 1:06
Logo de cara, o Brown’s Hotel impressiona. À porta da Albemarle Street, um solícito funcionário usando a tradicional cartola faz as boas vindas, seguido por outro, que auxilia com as malas, para, por fim, um atencioso recepcionista finalizar o check-in e acompanhar até o quarto.
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O trajeto repleto de obras de arte e charmosos objetos de decoração, garimpados pessoalmente pela diretora Olga Polizzi (dizem que ela chega carregando algumas peças “debaixo do braço”), enche os olhos, e não demora muito a se instalar uma sensação de contemplação sem fim.
No piso superior, a porta da Kipling Suite se abre e, assim, descubro que a maior acomodação do suntuoso cinco estrelas da rede Rocco Forte está pronta para me receber. Bilhete escrito à mão, champanhe no gelo, frutas e chocolates. Dentro de uma sacola, uma edição especial do livro “The Jungle Book”, de Rudyard Kipling, escritor famoso que costumava se hospedar no local nos anos 1920.
São dezenas de metros quadrados de bom gosto e conforto iluminados por janelões voltados para a charmosa rua das lojas de grife. De um lado, uma sala de estar com mesa para trabalho. De outro, o dormitório com closet e amplo banheiro.
Apresso-me para comer sem pressa. A reserva para o jantar é no restaurante Charlie’s, no piso abaixo. Couvert e caviar, seguidos de salmão defumado fatiado lindamente como um show à mesa e presunto curado com molho. Tudo harmonizado com champanhe, afinal, a ocasião merece. Ao vivo, um trio toca jazz, o atendimento prestativo e sinto que não poderia ser mais perfeito.
O café da manhã à la carte pede ovos, mas a grande expectativa é com o famoso chá da tarde inglês, servido no salão há mais de um século.
Sento-me e, entre um macio sanduíche e um gole de chá de lavanda, peço informação ao garçom sobre o lindo lugar onde está a minha mesa (à beira da lareira acesa e sob uma espécie de arco feito de madeira entalhada). “Era a preferida de Agatha Christie”, revela.
Engulo a surpresa com uma taça de champanhe e percebo que um sorriso me escapa fácil. Chegam os “scones”, bolinhos preferidos das rainhas. Bebo mais chá e, ainda sem muitas palavras, tento sentir cada minuto. O ritual, concluído em 1h45, para mim, ainda não acabou.
Não sou a maior fã de chás, não costmo comer doces com entusiasmo, mas tem muito mais do que gastronomia nesse lugar. E é possível dizer, sem medo de cometer exageros além do banquete, que a experiência no Brown’s pode ser tão fantástica quanto as renomadas obras literárias dos seus frequentadores mais ilustres.
* Da Redação Menu