Um espumante feito a partir do mel de abelhas nativas brasileiras sem ferrão. É o que propõe a empresa paulista Mirá, uma startup sediada em São Carlos, interior do estado, em uma matéria publicada pelo site da revista Galileu na última segunda-feira (24).

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Segundo a bióloga Juliana Massimino Feres, pesquisadora à frente do projeto e especialista em meliponicultura – como é chamada a criação de abelhas sem ferrão – , há mais de 350 espécies de abelhas brasileiras desse tipo, cujo mel tem propriedades de aroma e sabor diferenciados.

“No convívio com a cadeia de meliponicultura, percebemos que era possível usar esse recurso para um produto que fosse atrativo. Por isso começamos a pensar na bebida espumante”, diz Feres.

Ao lado de seu sócio na Mirá, o também biólogo Tulio Marcos Nunes, ela passou a estudar as alternativas para o processo fermentativo do mel de abelhas nativas e começou a desenvolver a nova bebida.

Apesar de já existirem no mercado bebidas feitas a partir do mel de abelha comum, a Apis mellifera, Feres afirma que o mel de abelhas sem ferrão é especial.

“O primeiro passo, após verificar se era viável fermentar o mel de abelhas nativas sem ferrão, era avaliar se o processo resultaria em uma bebida que fosse agradável e palatável”, explica Nunes.

“Depois disso,desenvolvemos inúmeras receitas e selecionamos duas que tiveram resultados surpreendentes em relação ao sabor e aroma”, continua Nunes.

“Constatamos que grande parte dos flavonoides e antioxidantes – presentes em quantidade muito maior no mel das abelhas nativas sem ferrão do que nas Apis mellifera – se manteve após a fermentação”, compara Nunes.

Ele também explica que grande parte das substâncias voláteis presentes nesse tipo de mel era comum às do vinho branco, dando à bebida um aroma de abacaxi e flores.

Segundo Nunes, o produto não deverá chegar ao mercado em escala industrial, mas contribuirá muito em projetos sociais. “Do ponto de vista da conservação, a atividade de criação de abelhas é regenerativa – e a floresta em pé é uma necessidade para que o produto seja viável”, explica.

Feres continua: “temos um olhar voltado para o desenvolvimento de produtos economicamente importantes da biodiversidade brasileira. A meliponicultura é uma atividade que cai como uma luva para essa finalidade. É uma atividade que precisa, necessariamente, de florestas preservadas e um meio ambiente saudável para que as abelhas produzam”.