17/07/2025 - 10:42
O mundo dos espumantes passou por uma grande mudança, ainda que silenciosa, nos últimos 150 anos: o desaparecimento de uvas históricas. Ao contrário do que a maioria dos amantes da bebida acreditam, a trindade composta pelo Pinot Noir, Chardonnay e Pinot Meunier não é a que deu origem às bebidas.
As frutas que deram início a produção ainda são produzidas em alguns países, mas não são facilmente encontradas como as mais populares. Entre a lista de afetadas pelas alterações na fabricação estão: Arbane; Petit Meslier; Blanc Vrai, também conhecida como Pinot Blanc; e Fromenteau, a cobiçada Pinot Gris.
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Motivos para o desaparecimento das uvas históricas
Até meados da década de 1880, antigas variedades dominavam as produção das safras. Mas com o crescimento da praga da filoxera — um pequeno pulgão — muitos produtores abandonaram os vinhedos.
Quando a época de replantar chegou, os donos dos espaços abandonaram vinhas antigas para abraçar as novas técnicas. Hoje em dia, essas uvas históricas ocupam somente 0,4% das terras de champanhe dedicadas à videira.
“Cada uva é diferente. Para a Arbane, há um problema de produção. Com o clima de Champenois — região da França —, obter frutos maduros dela já era bem difícil”, explicou Hugo Drappier, enólogo de 8ª geração da Champagne Drappier, à “Food&Wine”, de onde são as informações.
Após a crise causada pelos pequenos insetos, a plantação das antigas frutas caiu drasticamente e ao longo dos anos os métodos de plantio foram sendo esquecidos.
“Acho que também era uma questão política. Antes da Primeira Guerra Mundial, quando a denominação Champagne estava sendo criada. Eles tinham que discutir a região e a qualidade do vinho e das uvas. Queriam simplificar e ter algo muito mais padrão, como a Chardonnay e Pinot Noir”, explicou o enólogo.
Ainda há esperança para as uvas originais
Mesmo com o sumiço, ainda há algumas produções familiares que mantêm o ingrediente milenar em suas plantações. Entretanto, elas continuam ocupando uma parte pequena dos terrenos e na maioria das vezes suas garrafas são compostas por um blend com uma da integrantes do trio de uvas nobres.
“Eu realmente adoro brincar com essas uvas. Ainda estamos aprendendo muito na vinificação, pois elas desapareceram por quase duas gerações. Então, estamos reaprendendo a cultivá-las, reaprendendo a produzi-las e, claro, o clima mudou muitas coisas”, completa Drappier.
*Com informações da “Food&Wine”