por Suzana Barelli

A enóloga argentina Susana Balbo divide seu tempo entre a política e o vinho. Dona da vinícola que leva seu nome em Lujan de Cuyo, Susana é desde 2015 deputada nacional por Mendoza. Antes, ela já exercia papel político, mas no mundo do vinho, como presidente da Wines of Argentina, associação que representa o setor em seu país.

A veia política é marcante na personalidade de Susana, mas o vinho é sua primeira paixão. Quando jovem, ela decidiu estudar enologia, numa época em que esta era uma profissão exercida apenas por homens. Foi, assim, a primeira enóloga da Argentina, em 1981. Começou a trabalhar no norte do país, na região de Salta, se especializando na uva torrontés. Depois migrou para Mendoza e trabalhou em diversas vinícolas, inclusive na Catena, até ter a sua própria empresa, chamada primeiro de Dominio del Plata e, mais recentemente, batizada com o seu nome. É uma vinícola familiar, na qual os dois filhos de Susana, José, formado em enologia, e Ana, em administração de empresa, também participam.

Nesta trajetória de mais de 35 anos, Susana diz nunca ter sofrido preconceito por ser mulher em um ambiente que, hoje é mais aberto, mas, quando ela começou, era fortemente masculino. Em evento promovido pela importadora Cantu, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, Susana contou, por exemplo, que não há diferenças salariais entre homens e mulheres enólogos, na Argentina, quando atuam no mesmo cargo. A diferença é que poucas mulheres conseguem chegar ao cargo de enólogo principal, com os salários mais altos, porque elas precisam de maior flexibilidade para cuidar da família, por exemplo.

Atuante em fóruns de discussão do situação da mulher, ela acredita que as mulheres devem se apropriar nas tecnologias digitais para diminuir as diferenças salariais e financeiras com os homens. E ela lembra que as mulheres são as responsáveis por 70% da compra de vinho no mundo.