por Romeu e Julieta*

Há um bom tempo que São Paulo não contabilizava a abertura de um restaurante japonês de fôlego. No meio de uma maré interminável de rodízios, veio a abertura do UN, em outubro passado. A casa, dos sócios Alex Terada e Luigi Cardoso, chamou minha atenção pelo currículo do chef Tadashi Shiraishi. Aos 29 anos, já passou pelos paulistanos Kinoshita, Nagayama e Huto e, antes de começar no UN, firmou-se como chef do aclamado Nobu de Mykonos (Grécia) e St. Moritz (Suíça). “São ótimos motivos para visitarmos o restaurante, não acha, Julieta?”, perguntou Romeu.

Ao chegar para jantar, eu me arrependi da escolha. Apesar do ambiente sóbrio e moderno, a acústica deixou a desejar. Vozes misturadas à música alta ecoavam agressivamente pelo salão lotado. Muitos podem gostar dessa badalação, mas para quem aprecia cada detalhe da refeição, é um ponto negativo.

O cardápio é graficamente bonito, mas um pouco confuso (não são claras as divisões “da nossa cozinha” e “nossas sugestões”). Também foi difícil saber a quantidade de comida a pedir, por isso fizemos escolhas aleatórias para dividir e paramos até a fome acabar — algo que deixou o serviço um pouco perdido, com direito a pedidos repetidos. O ideal seria um menu degustação, mas ainda não está disponível. “Serviremos em breve, no andar superior, para cerca de 20 pessoas”, avisou-nos o garçom.

A carta de bebidas é mais organizada, divide os saquês por estilo (pena que trabalhem só com uma marca do fermentado). Entre os poucos drinques feitos com saquê, Romeu escolheu o Deep Red (R$ 29), com licor de ameixa, sucos de limão e melancia. “É bem leve e refrescante, bom para começar o jantar”, avaliou meu companheiro.

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Não espere um cardápio tradicional japonês. Há espaço para algumas invenciones de Shiraishi, influenciadas pelas criações do chef Nobu Matsuhisa, do restaurante homônimo. Entre eles o new style sashimi (de robalo, R$ 27), com fatias precisamente cortadas e banhadas em azeite quente, com alho, gergelim, shoyu e toque cítrico. O futomaki UN (R$ 25), com ovas de capelim, atum, avocado, enrolado em alga e nabo, é saboroso e cremoso, só pecou pelo tamanho exagerado para uma mordida. O atum tataki com molho ponzu (R$ 30) foi outro acerto, com uma combinação agradável de alho frito, gengibre e pimenta. “Aliás, a pimenta está presente em boa parte do cardápio”, notou Romeu.

MENU 203 - ROMEU & JULIETA
O chef Tadashi Shiraishi

Os sushis foram, de fato, o ponto alto do jantar. Todos os niguiris pedidos (olho de boi, lula e barriga de salmão – R$ 15, R$ 18 e R$ 20 a dupla, respectivamente) estavam irretocáveis, de shari (arroz para sushi) firme e delicado, com sabor amendoado e adocicado. Poderíamos ter dispensado o ceviche de camarão com queijo feta e alcaparrões (R$ 38), excessivamente salgado e com pouco crustáceo, e o tempura de cogumelos eryngui (R$ 18 o par), de fritura carregada no óleo. “Mas o resultado final foi, sem dúvida, positivo”, opinou Romeu. Com certeza os sushis garantiram a vitória do UN. Agora, é só aguardar a estreia do menu degustação para voltarmos.

 

UN

rua Padre João Manuel, 1.050 – Jardins (veja no mapa)

(11) 3086-0066 – São Paulo – SP

un-restaurante.com

*Reportagem publicada na edição 203 da Menu