Sabe o limão tahiti, de casca verdinha e que você usa para temperar saladas ou fazer caipirinhas? Sentimos desapontá-lo, mas ele não é um limão. Mais precisamente, ele, assim como o limão galego ou o limão cravo, faz parte da família das limas ácidas.

+Receita muito fácil de torta de limão-siciliano, fruta da estação

A versão “original”, por assim dizer, é o limão siciliano (Citrus x limon), de casca amarela, um pouco maior que nosso “limão” e tão azedo quanto. E, para confundir ainda mais, essa fruta não tem sua origem na ilha italiana da Sicília.

O limão siciliano primeiro foi conhecido na Ásia, mais especificamente no sul da Índia, na Birmânia (hoje, Mianmar) e na China. Quem o levou para a Europa foram os persas, que o disseminaram pela Europa por volta do século XI.

Mesmo não sendo a terra-natal do dito limão, os moradores da Terra da Bota – e os povos do Mediterrâneo, em geral – sabem aproveitá-lo como poucos. “Os italianos usam bastante a fruta e têm várias receitas clássicas, como o limoncello (bebida à base de casca de limão siciliano, álcool e xarope de açúcar) e a crostata al limone (torta de limão)”, comenta o chef Rildo Gonçalves. O suco ou as raspas do fruto também aparecem em receitas italianas de peixes, molhos e risotos.

Uma das vantagens do limão siciliano sobre o limão tahiti é que ele é bem mais aromático, explica Gonçalves. Por isso é tão comum ver muitos pratos salgados que usam apenas as raspas da fruta: o objetivo não é ter um sabor marcante, mas só um “perfume” de limão.

Adicionar as raspas, também chamadas de zest, a um peixe, por exemplo, pode fazer toda a diferença. O segredo é quando usar o limão. Segundo o chef, o sabor fica muito melhor se fruta for usada apenas na finalização das receitas, pois o calor altera o sabor do ingrediente. “Se você colocar as raspas ou o suco durante o cozimento, vai ter um prato mais amargo”, afirma.

Apesar de entrar no preparo de doces e salgados, Gonçalves destaca que o limão siciliano não combina com tudo. Carnes mais suaves, como as de aves e de peixes, ganham mais com a acidez do que carnes vermelhas. Outra dica do chef é usar a fruta como elemento decorativo. “Um gominho de limão siciliano fica muito bacana com peixes e frutos do mar”, diz.

(*) Reportagem publicada na edição 170, por Pedro Marques