10/05/2012 - 20:05
Por Suzana Barelli
A vinícola Cono Sur é conhecida, mundialmente, por seus vinhos orgânicos. A imagem de gansos em seus vinhedos corre o mundo como exemplo de prática sustentável. As aves comem as pequenas pragas, evitando o uso de pesticidas. Mas, no Brasil, a vinícola chilena teve de provar que é realmente orgânica para poder estampar o termo no rótulo de seus vinhos.
Explica-se: numa das novas regras para o mercado de vinho no Brasil, só pode exibir a palavra orgânico no rótulo aquele vinho em que as práticas de manejo sem agrotóxico são comprovadas por empresa brasileira. Assim, a importadora Brown Forman, que representa a vinícola no Brasil, contratou em novembro do ano passado a empresa brasileira Tecpar para ajudar nesta certificação. A certificadora, por sua vez, contratou outra empresa chilena para o processo. E, só assim, a Cono Sur conquistou em março o direito de vender seus vinhos com a palavra orgânico no Brasil. Agora, a vinícola precisa colocar um selo no rótulo frontal de cada garrafa informando que o vinho está certificado pelas leis brasileiras. Antes de partir para a certificação verde e amarela, a Cono Sur apresentou dois certificados de vinho orgânico, um alemão e outro suíço, que não foram aceitos.
O processo foi longo e os custos absorvidos pela vinícola – a gigante Cono Sur, com mais de 300 hectares de vinhos, é a segunda maior exportadora de vinhos chilenos. Mas cabe a questão: em geral, os produtores orgânicos são pequenos. Muitos levam a sério o processo de cultivo sustentável, mas nem têm certificações internacionais pelo custo financeiro de obtê-las. É claro que há também os produtores que utilizam o termo orgânico por pura e simples estratégia de marketing e nem seguem as práticas mais sustentáveis. Estes, é claro, terão de rever sua política e o consumidor será bem informado. Mas será que as legislação brasileira não poderia aceitar um certificado internacional, de entidades reconhecidas mundialmente, para a utilização deste selo?