24/03/2014 - 18:55
Por Suzana Barelli, de Beaune, França
O vinho da foto ao lado foi uma das primeiras surpresas da minha viagem para o Grands Jours de Bourgogne, na semana passada, em Beaune. É um pinot noir. Mas é um vinho branco. E engana-se quem acha que as uvas tintas foram vinificadas como brancas, como acontece com os espumantes. A aparente contradição tem sua explicação no vinhedo. Este pinot noir nasce de uma mutação da pinot noir nas vinhas de La Perrière, da Domaine Henri Gouges, em Nuit-Saint-Georges.
Henri Gouges percebeu a pinot noir albina em algumas de suas plantas e decidiu replicá-las. Deu certo. Hoje, ele conta com um pequeno vinhedo, com plantas com idade de mais de 60 anos, desta pinot noir única. E elabora o vinho acima, que fermenta em tanques de inox e depois segue para as barricas, 20% delas novas.
Na taça, o vinho tem certa estrutura, que permite pensar que, se não soubessemos sua história, será que o identificaríamos como um branco numa prova com uma taça preta, aquela que o degustador não consegue ver a cor da bebida? Depois, tem notas de pêssegos e das demais frutas brancas com carroço, mesclada com uma boa mineralidade. Gostei do vinho, que tem um quê mais rústico no paladar, e que me foi apresentado por Jorge Lucki, meu companheiro nesta viagem da Borgonha. O vinho albino, infelizmente, não está disponível no mercado brasileiro, mas a Zahil (www.zahil.com.br) traz outros tintos deste produtor.