Painel avalia três estilos de vinho fortificado – Tawny, Ruby e LBV – que combinam com a sobremesa mais pedida da Páscoa

por Suzana Barelli

Na literatura viníca, o Porto é um dos pares perfeitos para o doce chocolate – o outro é o também fortificado banyuls, do sul da França, de menor oferta no mercado brasileiro. Cada Porto, em seus diversos estilos, dos Ruby e Tawny básicos ao potente Vintage, combina com um tipo de chocolate, o que o torna uma pedida certeira para o Domingo de Páscoa.

A escolha do Porto varia conforme a receita do chocolate, mas vale entender um pouco mais sobre essa bebida histórica – a região do Douro, onde estão plantadas as uvas que dão origem a esse vinho, foi demarcada em 1756. As importantes diferenças entre Tawny e Ruby seguem em textos que acompanham a degustação, mas o primeiro lembra mais as frutas secas e o seguinte, as vermelhas. Os Tawnys, ainda, sobrevive, por semanas depois de a garrafa aberta, já que foram elaborados em ambiente com maior presença de oxigênio. Depois de aberta, a vida útil de um Ruby na garrafa é bem menor, de até poucos dias.

Depois, cada harmonização depende da temperatura do vinho do Porto. Por ser fortificado e, assim, apresentar maior teor alcoólico, que varia de 19,5% a 21%, vai sobressair o álcool e ela parecerá desequilibrada, se a bebida estiver quente. A temperatura de serviço indicada para os Portos tintos varia entre 14°C e 16°C, mas uma dica pode ser gelar um pouco mais a garrafa e deixar a temperatura subir na taça. No nosso clima tropical, este “detalhe” garante o sucesso da combinação.

Ruby
Termo em inglês para a cor rubi, que marca essa categoria de Portos, os Rubys são aqueles fortificados que começam a amadurecer nas barricas e logo são engarrafados e envelhecem nas garrafas. São vinhos jovens, que apresentam aromas intensos de frutas vermelhas e silvestres, doçura própria da fortificação, e ao redor de 20% de álcool. Em ordem crescente de complexidade, estão os Rubys, depois os Reservas, os LBV e os Vintages. Os Finest Reserve, no qual o vinho fica de dois a quatro anos em barricas grandes antes de chegar ao mercado, é a categoria que vem chamando a atenção do consumidor brasileiro, pela sua relação de qualidade e preço.

Para garantir o estilo de cada categoria de Porto, o IVDP conta com sete provadores especializados em vinhos fortificados, que degustam, por ano, mais de 10 mil amostras.

LBV
Esse estilo de Porto Ruby é elaborado com uvas de uma única safra e engarrafado após um período de quatro a seis anos, conforme o perfil de cada casa. É um estilo que até pode lembrar o Vintage. Chega ao mercado pronto para o consumo, mas pode evoluir bem na garrafa. O Vintage é a maior categoria dos Rubys. Também elaborado com uvas de uma única safra e engarrafado após dois anos de sua colheira, é um Porto que envelhece na garrafa. Pode ser consumido jovem, mas ganha muita complexidade com a guarda.

Tawny
Os Tawnys são os vinhos do Porto envelhecidos em madeira, ou cascos. Essa categoria começa com os Tawnys, depois os Reservas e cresce com aqueles com indicação de idade: 10, 20, 30 e 40 anos. Aqui, uma curiosidade: cada Porto não precisa, necessariamente, ser elaborado com vinhos que estão há 10, 20, 30 ou 40 anos em cascos. Devem, isso sim, ter o estilo esperado para cada uma dessas idades. Conforme o aumento dessa indicação, sua cor vai mudando, de um âmbar avermelhado para um quase dourado. E, quanto maior a idade, maior a sua complexidade aromática e gustativa.

Tawnys Especiais
Se LBV e Vintage são os Ruby especiais, no Tawny essa categoria corresponde àqueles com maios indicação de idade, como 30 e 40 anos, e ao Porto Colheita. Aqui são vinhos de uma só safra que envelhecem em cascos por um período mínimo de sete anos. Uma tendência recente, liderada pela Taylor’s, é engarrafar e lançar Colheiras que estão nos grandes tonéis de Vila Nova de Gaia por cinco décadas.

As Colheitas se assemelham a um Tawny com indicação de idade com o mesmo tempo de envelhecimento.