O cacau brasileiro está em alta. Tanto nas TVs daqui, com a novela “Renascer”, como em Portugal, com “Cacau”, ambas gravadas no Sul da Bahia, como nos supermercados. Quem já foi comprar ovos de páscoa pode notar que é cada vez maior a oferta de produtos com alto teor da sua matéria-prima. Além disso, o chamado “alimento dos deuses” vem batendo recordes de valorização pelo mundo e tem aumentado ano a ano a sua produção no Brasil.

“Nós produzimos chocolates com a matéria-prima da Amazônia e Mata Atlântica brasileira. E quem pensa que o chocolate é apenas um tablete delicioso com cacau e açúcar está enganado. Um tablete ou trufa tem nos ingredientes: preservação ambiental, história, trabalho, cultura e muita saúde”, explica Marco Lessa, idealizador do Chocolat Festival, maior evento de chocolate e cacau da América Latina, que vai para a sua 36ª edição.

“O cacau nasceu sustentável. Nosso cacau e consequentemente o chocolate sequestra carbono, melhora o clima do planeta e mantém uma floresta viva e biodiversidade”, complementa

A valorização do cacau no mundo bateu recorde em março e quebrou uma marca que durava desde 1977. A tonelada da amêndoa não para de subir e encerrou a semana passada em US$ 8.559 (R$ 46.623) em Nova York. O valor é três vezes maior do que o que era pago há um ano e superou em 42% o recorde anterior.

No Brasil, embora a sétima posição no ranking de produção mundial esteja longe da liderança de outras épocas, os números são animadores. Segundo a Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), em 2023, o país registrou um crescimento de 7%. Foram 220 mil toneladas, 15 mil a mais do que no ano anterior.

O reflexo menos positivo na alta das amêndoas é o aumento do preço final do chocolate para o consumidor. Considerado o embaixador do cacau, por representar há mais de dez anos marcas brasileiras de chocolate autoral pelo mundo, Marco Lessa explica por que o produto não pode ser considerado o vilão da páscoa.

“O chocolate com alto teor de cacau, mais puro e saudável, sofrerá algum aumento em função da alta da matéria-prima no mundo. Contudo, o chocolate comum, com no máximo 25% do fruto de ouro, segundo a lei brasileira, não explica grandes aumentos. Se vão aumentar o preço, aumentem o percentual de cacau e entreguem ao consumidor chocolate de verdade”, afirma Lessa.

“Por isso os eventos como o Chocolat Festival são tão importantes, pois além de discutir a cadeia, o consumidor encontra os melhores chocolates, mais puros e saborosas, por preços absolutamente justos”, finaliza o empresário que este ano ainda organizará a terceira edição portuguesa do festival, e que também chegará à Bélgica, a capital mundial do chocolate.