02/09/2025 - 18:57
Tão deliciosos quanto delicados, os vinhos podem enfrentar diversas questões que afetam seus sabores e aromas: lacres danificados, rolhas mal colocadas e armazenamento inadequado são bons exemplos. No entanto, um grande medo dos amantes da bebida é, sem dúvidas, abrir uma garrafa e dar de cara com o temido vinho bouchonné.
Com nomeação derivada do francês, o problema tem como culpado o 2,4,6-tricloroanisol (TCA). Este produto químico não apresenta perigo à saúde dos consumidores, mas prejudica o perfil sensorial do vinho, neutralizando os toques frutados e acrescentando notas de mofo e bolor.
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Além de ser chamado de “bouchonné”, a adversidade também é resumida em um defeito de rolha, que pode afetar todos os tipos vinhos, incluindo os mais caros.
O TCA costuma se formar quando fungos naturais da cortiça interagem com certos agentes clorados, como aqueles presentes em produtos de limpeza usados na fabricação das rolhas e na higienização de vinícolas, ou compostos fenólicos presentes em barris e paletes, nos quais as safras são armazenadas.
Quando uma rolha que esteve em contato com composto interage com o líquido, o TCA se infiltra completamente na bebida, resultando em características menos atraentes — o que faz alguns vinhos serem confundidos com safras avinagradas.

Como identificar um vinho bouchonné
Duas mudanças principais denunciam a alteração: notas estranhas ao paladar e ao olfato. Ao perceber aromas de mofo, bolor e papelão úmido ou jornal molhado; ou sabor insosso, atenuado e amargo, é provável que aquele vinho esteja infectado. Os gostos frutados também são obscurecidos, a acidez parece opaca e o final é curto.
De acordo com sommeliers, raramente o sabor bouchonné torna uma garrafa completamente ruim, mas sua presença pode prejudicar até as melhores bebidas. Logo na primeira etapa de uma degustação, ao girar e cheirar a taça, se o odor remeter a jornais encharcados, cachorro molhado ou uma adega mofada, é possível que o líquido não esteja em sua melhor versão.
Embora seja uma grande questão para os consumidores e comerciantes, atualmente é raro encontrar vinhos que estejam contaminados. As estatísticas não são precisas, mas, segundo a organização americana Natural Cork Council, cerca de 2 a 3% das garrafas vedadas com cortiça natural apresentam o problema.